quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A vida dela.

Nunca foi exemplo pra ninguém. Por quê seria agora ?
Estão lhe cobrando contas que não fez. Estão cobrando juros, não.
Não espere que eu vá pagar isso -disse ela.
Afinal, não era dinheiro que eles queriam. Não mesmo. Tempo.. ela sempre falava isso. Mas ela sempre dizia em fim de frases. Como se todas as frases fossem um conselho ao vento.
Talvez fosse mesmo, sabia. Adoravam quando dizia isso.
Ela era sábia, sem saber. As palavras certas nas horas certas, era o que todos diziam. Ela conseguia.
Tinha tantos defeitos. Ninguém tem a obrigação de ser perfeito, afinal.
Mas ela era realista. Via sua realidade flutuando nas nuvens e ainda conseguia por o pé no chão.
Transportava-se fácil, da Lua para a Terra. Sempre viajando em seus pensamentos. Com um grande peso no coração.
Nunca sabia o porque de tanta dor. Alguém lhe diz algo, opiniões sobre as suas próprias, e ela entra em profunda reflexão.
Seus sonhos são tão simples. Todos sabiam que ela pode conseguir, ah se pode.
Essa vai longe, dizem.
Uns duvidam, mas no fundo sabem que aquela força de vontade ali, vai à China e volta em um dia.
Ela também sabe que pode conseguir. Aquela ali é dura na queda. Pode tremer, mas não cai. Se quer mesmo corre atrás, é o que ela faz.
Quando era criança, a vizinhança a conhecia como garganta de ouro.
Aquela cantav Aguinaldo Raiol como uma maritaca falante. Ninguém calava a boca daquela criança e seus ursos de brinquedo.
Sim, ela jurava que eles conversavam com ela. E quando falam para ela hoje, sobre o que ela dizia do Paulinho (seu amigo imaginário) ela ri.
A menina cresceu e seus amigos são reais.
Escola nunca foi um grande problema. O problema mesmo era seu incrível gosto de dançar em cima das cadeiras ou até mesmo a bela cantoria da música da época "o pinto do meu pai".
Ela adorava aquela música, até cantar e requebrar com sua amiguinha. Acho que quem não gostou dessa brincadeira foi a mãe da menina, ao ver sua filhinha dançando "o pinto do meu pai" e requebrando até o chão.
Ela tomou tal trauma da música que preferiu, aos seus sete anos de idade ouvir a Radio Cidade, a radio rock.
A partir dali, aquela pequena criança. Que ia e vinha de van, com sua mochila aos ombros, ouvia suas músicas, e dali formara sua personalidade.
Amou, fez amigos, inimigos não... Essa queria mesmo, era poucos. Talvez nem tenha, até hoje. Ela sempre achou a palavra inimigo muito forte. Mas enfim, ela foi vivendo na sua vidinha mediocre de sempre.
Foi crescendo e surpreendendo a todos com seus gostos. Todos achavam que era fruto da idade. Mas não, ela estava realmente criando traços da sua personalidade e cravando-as nas pessoas que ali a rodiavam.
Hoje todos sabem, do que ela gosta do que ela detesta. Mas as vezes ela surpreende, sabe!
Ela, está prestes a virar uma mulher. Uma grande pequena mulher.
Arruma seus cachos nas pontas do cabelo como se fossem fitas. E sua franja, tão bagunçada... ninguém entendia seu cabelo nem essa sua moda, era pra ficar arrumado ou bagunçar tudo, oras?
Por fim, terminava seus dias à frente de um computador ouvindo sua música preferida.
Seus pais não a entendiam. Pra que tanto grito em uma música ? Mas ela gostava, achava aquilo uma grande arte.
Sua mãe falava que era coisa do demo,e seu pai a olhava assustado, mas no fundo a compreendia. Eles já foram adolecentes, sim.
Seus amigos, eram presentes sim. Mas não como ela queria, confessa. Sempre na frente do seu computador, conversava com eles. E se sentia muito só, pois seus amigos, seu amor não podiam a ver. Afinal, grande parte deles eram virtuais.
Ela ficava profundamente triste, pois não sabia se viria eles alguma vez. Mas preferia não pensar muito sobre perdê-los algum dia.
Ela foi crescendo mais ainda, e soube dividir seus medos de vontades e seus sonhos de seus anseios.
Realmente, acreditamos que ela aprendeu as coisas sozinha. Era incrível como conseguia fazer certas coisas sozinha. Não que ela não pudesse, mas não era digno de uma menina de apenas 14 anos. Essa realmente era precosse.
Ela estava prestes a realizar um sonho. Essa sim, adorava arte.
Amava música ao ponto de tentar imaginar sua vida sem ela e via que não haveria graça alguma. Gostava também de apreciar paisagens, as belezas... Descobriu um dom. Ela gostava mesmo era fotografar. Ela olhava algo e via uma bela fotografia, até em um muro velho, uma janela aberta. Ninguém entendia muito bem, mas ela dizia que era a arte.
Quando ficava triste, não tinha muito ao que recorrer. Ela gostava mesmo era de se recolher. Pensar...
Sabia que ninguém podia ajudar, afinal era a sua vida, ela quem divia tomar suas próprias decisões idependente do que fosse.
Ela aprendeu errando, aprendeu vivendo, aprendeu amando. Apendeu sofrendo, mas aprendeu.
Ela é forte pra isso, prefere viver intensamente, por a sua cara a tapa, do que redimir-se. Ter medo e não encarar uma aventura.
Ela estava entrando em uma nova fase.
Ela descobriu que não precisava de alguém que lhe dissesse que a amava, não como mulher, não falsamente.
Ela aprendeu que amor é um só, que palavras são complexas demais pra saber quando se é verdadeiro...
Estava aprendendo a amar, saber amar e deixar que a amassem. Ela não achava tarde, nunca é tarde para o amor. Nós não amamos uma pessoa, mas sim encontramos o amor nela. E ela colocava uma coisa em sua cabeça... se num durou, foi porque não havia amor suficiente para ela. E aquele tempo era escasso demais pra tamanha fome de viver que ela tinha.
Ela acabara de descobrir que a vida estava lhe abrindo as portas.
Pegou sua mochila, calçou seu allstar branco cano médio, deu tchau e fechou a porta.
Ela estava indo em busca do seu futuro. Onde ela estava indo procurá-lo ? Ninguém sabia, nem ela mesma.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Reação.

Se chorei foi porque
senti.
Se sorri foi porque
gostei.
Se dormi foi porque
cansei.
Se fugi foi porque
tive medo.
Se fiquei foi porque
queria mais.
Se gostei foi porque
era bom.
Se acabei foi porque
realmente tudo tem seu tempo.
Tudo tem sua reação.
Nenhuma música é pra sempre.
Todos os livros têm sua ultima página.
Tudo tem seu tempo,
o nosso esgotou-se.
Por que?
Eu sei. E você ?
Você, provavelmente ainda está tento sua reação.

Morte.


Não entendo por que você não gosta que eu fale essa palavra. Pra quê tanto bates nessa madeira?
Um dia eu morrerei, ué. E você também.
Eu só falo isso agora, porque tenho medo, como você.
Mas meu medo é diferente.
Meu medo é de ir embora e todos não souberem o que realmente eu sinto por cada um. E você ? Saberá o que eu sinto por ti quando eu morrer ?
E o mundo ?
Verá tudo o que eu tenho pra mostrar ?
Meus olhos ainda tem muito pra chorar e meu riso pra sorrir. Meus pés o que andarem e meu coração o que sentir. Minha boca pra falar e minha vida pra existir.
Não quero ser uma pessoa vazia.
Eu sei que não sou. Pelo menos pra você eu fui ou sou
ou serei alguma coisa.
Não quero apenas deitar-me debaixo da terra.
Eu quero um novo começo, mesmo que esteja no fim.
A morte não é o fim. Não pra mim.
Não pra nós.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Eterna aprendiz.

Antes eu corria, para vencer o tempo. Eu realmente viva uma maratona. Ele ia me ganhar um dia, cedo ou tarde. Eu não me conformava. Por que ele não parava ? Talvez não goste de perder.
Depois parei, pois cansei. Percebi que ninguém vence o tempo, porque ele é o único que vence tudo. E ele não perderia nada. Só algumas virgulas e uns acentos. Mas as palavras continuavam.
Percebi que o tempo usa óculos é calculista e frio. Como um gelo deslizando sobre o mármore. Nunca tendo início ou fim. Era ele quem ditava suas próprias regras, obrigando a todos seguí-las. Essa é a verdade: ele manda. E eu, humilde criatura cometendo tal proeza ? Aprendi que quando caminhamos, temos que respeitar nossos passos. Nunca devemos dar um passo maior que nossas pernas possam alcançar. Mas na verdade, eu aprendi que tudo na vida é passageiro. E tudo o que realmente nos resta, é tempo. Pra quê tanta pressa ?

Querendo ou não, depende de quem vê.

Querendo ou não, a vida toma rumos que não sabemos onde pode seguir. Contrariando nossa vontade, em benefício dos outros. Depende de quem vê...
Querendo ou não, sempre haverá dias de chuva quando queremos ir à praia. Contrariando mais uma vez nossa vontade, em benefício dos outros. Depende de quem vê.
O que é bom pra você, talvez não seja pra mim, realmente. Depende de quem vê.
Querendo ou não. Eu olho pela janela e vejo a lua. Contrariando a vontade dos outros, em meu benefício. Amanhã será um novo dia. Depende de quem vê...